A história de um jovem que se esforçou e venceu
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A história de um jovem que se esforçou e venceu
Caros usuários, fiquem à vontade para criticar, elogiar e levantar os aspectos que preciso melhorar.
Em 1975
A jovem mãe chora. Suas forças parecem esvair-se dela lentamente. A respiração ofegante, o suor, as contrações, anunciam a criancinha a nascer. Seu nome, já escolhido, é Antônio. Como muitos outros meninos pobres do sertão do nordeste mineiro, Antônio nasce com poucas perspectivas: será vaqueiro na fazendo onde o pai é agregado? Cairá vítima da cachaça, como era comum aos homens de sua família? Cresceria analfabeto?
Não havia muito que fazer. De fato, até à idade dos 12 anos, Antônio não sabia ler. Em sua casa, na roça, não havia escola próxima. Temendo pelo futuro do filho, os pais o mandaram-no morar com os patrões na cidade. Receberam a promessa de que Antônio frequentaria o Maricota, como se chamava a escola primária dali.
Deslocado de sua gente, a escola era para ele constrangedora e estranha. Sentia-se como peixe fora d’água. Caçoavam de seu jeito diferente de falar. Riam de seus sapatos surrados, de seu uniforme velho, que ganhara dos pais de outro aluno. No intervalo, caminhava tristonho pelo pátio. Sentia saudades da mãe. Chorava todos os dias esperando que a aula acabasse.
Antônio não viera para a cidade somente para estudar. Ainda que seus pais assim pensassem, na casa do patrão era também empregado. Trabalhava todos os dias. Era menino de recado, faxineiro, caseiro, lavava roupa e ainda servia de pajem para os filhos do patrão. “Antônio aguenta! Esse daí é da fazenda Viena. É forte, é bicho do mato!”, dizia a patroa tentando justificar a maldade. Certa vez foi acometido de febre. Passou três dias de cama sem que um copo d’água lhe levassem.
Os anos passaram. A rotina na casa do fazendeiro continuava a mesma. Precisava sair dali. Não teria futuro capinando quintal de gente ingrata. Aos 17 anos precisava urgentemente dar rumo à sua vida. A vida na cidade, pelo menos, possibilitou que conhecesse outras pessoas. Era achegado de uma família de professores. Pediu-lhes abrigo e trabalho honesto. Foi aceito. Naquele novo lar aprendeu a dar importância à educação. Ouvia constantemente conselhos sobre se tornar alguém na vida somente por meio dos livros. Não queria ser mais um excluído. Por fim, abriu seus olhos para a obtenção da liberdade: a escola. Sim, a solução era a escola. Já havia percebido que ler e escrever eram vantajosos. Precisava se dedicar, experimentar a liberdade do conhecimento. Estava no lugar certo, com as pessoas certas. À sua disposição muitos livros de uma biblioteca particular. Ali conheceu lugares, poetas, pensadores. Conversou com homens do passado distante. Tudo isso através dos livros.
Antônio não era mais o mesmo. Cresceu. Tornou-se homem de verdade. Sóbrio, honesto, perspicaz. Era o orgulho dos seus pais. Formou-se em Letras. Mais tarde na vida, sentindo-se indignado diante das injustiças sociais, determinou ser advogado. Cursou direito. Formou-se com mérito. Advogou a favor dos mais pobres. Nesta mesma época, no fórum da comarca da cidade de Jacinto, Antônio deparou-se com um rosto conhecido. Era o seu antigo patrão. Agora, eles estavam em lados opostos. De um lado, o advogado Antônio, defendendo a causa de um lavrador da fazenda do ex-patrão. De outro, o patrão, que não reconhecia os direitos do seu empregado. Subitamente, Antônio se viu entre as lembranças do sofrimento enquanto menino explorado. Estava diante daquele homem que não teve compaixão de sua fragilidade infantil, aquele que subjugou sua família durante anos numa roça onde só se via capim e gado. E agora, mais uma vez, dava provas de que mesmo com o passar de 15 anos, sua natureza egoísta e desumana continuava a mesma.
Diante do juiz, Antônio defendeu os direitos do lavrador com habilidade e persuasão. Calou o ex-patrão por meio do seu argumento convincente. Naturalmente, o juiz deu ganho de causa ao lavrador. Antônio teve mais uma vez a certeza de que todo o seu esforço valera a pena.
Em 1975
A jovem mãe chora. Suas forças parecem esvair-se dela lentamente. A respiração ofegante, o suor, as contrações, anunciam a criancinha a nascer. Seu nome, já escolhido, é Antônio. Como muitos outros meninos pobres do sertão do nordeste mineiro, Antônio nasce com poucas perspectivas: será vaqueiro na fazendo onde o pai é agregado? Cairá vítima da cachaça, como era comum aos homens de sua família? Cresceria analfabeto?
Não havia muito que fazer. De fato, até à idade dos 12 anos, Antônio não sabia ler. Em sua casa, na roça, não havia escola próxima. Temendo pelo futuro do filho, os pais o mandaram-no morar com os patrões na cidade. Receberam a promessa de que Antônio frequentaria o Maricota, como se chamava a escola primária dali.
Deslocado de sua gente, a escola era para ele constrangedora e estranha. Sentia-se como peixe fora d’água. Caçoavam de seu jeito diferente de falar. Riam de seus sapatos surrados, de seu uniforme velho, que ganhara dos pais de outro aluno. No intervalo, caminhava tristonho pelo pátio. Sentia saudades da mãe. Chorava todos os dias esperando que a aula acabasse.
Antônio não viera para a cidade somente para estudar. Ainda que seus pais assim pensassem, na casa do patrão era também empregado. Trabalhava todos os dias. Era menino de recado, faxineiro, caseiro, lavava roupa e ainda servia de pajem para os filhos do patrão. “Antônio aguenta! Esse daí é da fazenda Viena. É forte, é bicho do mato!”, dizia a patroa tentando justificar a maldade. Certa vez foi acometido de febre. Passou três dias de cama sem que um copo d’água lhe levassem.
Os anos passaram. A rotina na casa do fazendeiro continuava a mesma. Precisava sair dali. Não teria futuro capinando quintal de gente ingrata. Aos 17 anos precisava urgentemente dar rumo à sua vida. A vida na cidade, pelo menos, possibilitou que conhecesse outras pessoas. Era achegado de uma família de professores. Pediu-lhes abrigo e trabalho honesto. Foi aceito. Naquele novo lar aprendeu a dar importância à educação. Ouvia constantemente conselhos sobre se tornar alguém na vida somente por meio dos livros. Não queria ser mais um excluído. Por fim, abriu seus olhos para a obtenção da liberdade: a escola. Sim, a solução era a escola. Já havia percebido que ler e escrever eram vantajosos. Precisava se dedicar, experimentar a liberdade do conhecimento. Estava no lugar certo, com as pessoas certas. À sua disposição muitos livros de uma biblioteca particular. Ali conheceu lugares, poetas, pensadores. Conversou com homens do passado distante. Tudo isso através dos livros.
Antônio não era mais o mesmo. Cresceu. Tornou-se homem de verdade. Sóbrio, honesto, perspicaz. Era o orgulho dos seus pais. Formou-se em Letras. Mais tarde na vida, sentindo-se indignado diante das injustiças sociais, determinou ser advogado. Cursou direito. Formou-se com mérito. Advogou a favor dos mais pobres. Nesta mesma época, no fórum da comarca da cidade de Jacinto, Antônio deparou-se com um rosto conhecido. Era o seu antigo patrão. Agora, eles estavam em lados opostos. De um lado, o advogado Antônio, defendendo a causa de um lavrador da fazenda do ex-patrão. De outro, o patrão, que não reconhecia os direitos do seu empregado. Subitamente, Antônio se viu entre as lembranças do sofrimento enquanto menino explorado. Estava diante daquele homem que não teve compaixão de sua fragilidade infantil, aquele que subjugou sua família durante anos numa roça onde só se via capim e gado. E agora, mais uma vez, dava provas de que mesmo com o passar de 15 anos, sua natureza egoísta e desumana continuava a mesma.
Diante do juiz, Antônio defendeu os direitos do lavrador com habilidade e persuasão. Calou o ex-patrão por meio do seu argumento convincente. Naturalmente, o juiz deu ganho de causa ao lavrador. Antônio teve mais uma vez a certeza de que todo o seu esforço valera a pena.
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Data de inscrição : 19/10/2012
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