Reflexão: O passado como arena de conflitos

Carta ao Leitor – Reflexão sobre “ O passado como arena de conflitos”


Ingressei na escola com sete anos de idade, sou a penúltima filha de um total de oito irmãos. Naquela época a matrícula era obrigatória a partir dos sete anos. Queria ficar cursando o pré-alfabetização, porém fizeram uma seleção e a professora me chamou até à mesa e me pediu para ler um texto no livro que ela abriu aleatoriamente e eu simplesmente li. Me lembro até hoje do texto, que falava da galinha e seus pintinhos, que passeavam pela primeira vez pelo galinheiro. Perdi as tarefas fáceis do pré que eram de varre, varre ,vassourinha, fiz apenas uma tarefa.
No outro dia comecei em outra sala, a da primeira série.
Ao voltar da escola ouvia sempre o som dos rádios tocando músicas da jovem guarda. Me lembro de ouvir a cantora Wanderléia, com a sua música do professor: ”Como é que eu posso estudar, com o professor a me olhar... não para de pegar a minha mão”! Ficava imaginando que o professor deveria ser lindo.
Hoje paro para pensar naquela época com a ditadura, onde tudo era proibido ou  vetado pela censura e essa música não foi censurada. Na verdade as preocupações eram apenas políticas e uma possível instigação contra o sistema de governo.
Atualmente essa música seria censurada, pois estaria incentivando a pedofilia e a sociedade com certeza ofendida.
O que não acontece com certos estilos de  músicas, com linguajar pejorativo que mencionam a mulher como objeto.
E retomando à minha caminhada de volta da escola para casa ouvindo o som das músicas da jovem guarda, sinto saudades de um Brasil, preocupado com a qualidade das músicas.