Cultura do Estupro: A Culpa é da Vítima?

Apenas no ano de 2013 foram registrados cerca de 50 mil casos de estupros no Brasil, sendo 89% de mulheres. Considerando que apenas 35% da vítimas denunciam seus agressores, este índice atinge a marca alarmante de 143 mil ocorrências. Diante desses dados, é evidente a necessidade de compreender e, consequentemente, refrear os fatores responsáveis pela banalização desse crime.
Fruto de uma sociedade machista e patriarcal, em pleno século XXI, a mulher ainda é vista como objeto de desejo e propriedade. Essa ideologia arcaica, muitas vezes transmitida por aqueles que deveriam moralizar, acaba por culpabilizar a vítima pelo crime cometido. Questionamentos sobre a roupa utilizada e o nível de sobriedade da mesma no momento do estupro apenas corrobora a constante necessidade de se inverter os papéis: enquanto os algozes apenas "seguiram os instinto", a vitima é responsabilizada por induzir o agressor a praticar tal ato.
Vale ressaltar que o estupro encontra-se enraizado de tal forma na sociedade que, diariamente, aparece mascarado de piada. Além disso, constitui um tema recorrente nos tão famosos "trotes"  e eventos em faculdades, antro de futuros formadores de opinião. Ainda nesse ambiente educacional, observamos o mais claro exemplo de inversão de valores: uma jovem, alvo de humilhação pública, acabou expulsa da universidade por comparecer à mesma utilizando um vestido curto, ao passo que um universitário, acusado de estupro, foi punido com suspensão de 180 dias.
Tendo em vista os aspectos observados, é incontestável a necessidade de conscientizar a população de que, tratando-se de estupro, a culpa nunca é da vítima - independentemente de sua conduta. Aliado à isso, é crucial que este assunto passe a ser abordado com a devida seriedade, bem como os jovens devem ser ensinados, desde cedo, à respeitar o espaço e a escolha do outro, sem ambiguidade: não, sempre quer dizer não.