(FUVEST 2013) Anúncio publicitário: "Aproveite o melhor que o mundo tem a oferecer com o Cartão de Crédito X."

Vende-se felicidade instantânea


Os valores e as prioridades que aplicamos às nossas vidas devem ser constantemente questionados por nós mesmos, embora, às vezes, as pessoas se esqueçam de realizar essa tarefa reflexiva e precisem de um empurrãozinho, que inacreditavelmente, pode partir da sociedade que as corrompe.

A simples leitura de um anúncio publicitário que relaciona "o melhor que o mundo tem a oferecer" a um cartão de crédito deveria ser o suficiente para despertar alguns questionamentos na mente capitalista do século XXI: o que estamos assumindo como essencial? O que é sinônimo de felicidade? Como um objeto trivial - um cartão de crédito - entra na busca por tal felicidade? Esse material realmente possui um papel tão importante?

Muitas vezes, a sociedade ocidental julga os orientais por serem radicais ou extremistas, mas acaba agindo de modo similar. As propagandas, utilizadas em larga escala, não passam de um método disfarçado de impôr uma visão e mundo que favoreça aqueles que as aplicam. Os "vendedores" dessas ideias não atuam de forma diferente dos ditadores do Oriente Médio que obrigam, por exemplo, que toda a população de um país seja adepta de uma dada religião. O que nos distancia desse modelo repressor é que ainda temos a possibilidade de buscar conhecimento e mudar essa realidade.

Assim como o cortiço, de Aluísio Azevedo, "engoliu" os seus moradores - que se adaptaram àquele modo de vida -, os shoppings centers estão "sugando" a consciência da "sociedade do capital". E opostamente ao pensamento dos consumidores em plenos anos dois mil, onde milhares de estudos filosóficos, psicológicos e sociológicos já foram realizados e analisados, a completitude que tanto procuram não será encontrada com 50% de desconto em uma vitrine. Aqueles que possuem essa fantasia devem ter esquecido de rever seus valores e prioridades há muito tempo.