Confiar na corrupção, é apostar na falência da sociedade

A política está ficando cada vez mais viciada, a corrupção atingindo índices insustentáveis, os conflitos partidários vêm crescendo e a honestidade desaparecendo. As cidades precisam de bons candidatos, com princípios, propostas e conceitos. Embora, a forma mais aparente da corrupção seja aquela que abrange o mau uso de recursos públicos, é importante lembrar que as pequenas falhas éticas com as quais nos deparamos diariamente, como “colar em provas”, “comprar produtos falsificados”, “não cumprir todo o expediente para o qual foi contratado”, “apresentar atestado médico falso” e “bater ponto pelo colega de trabalho”, também devem ser tão repudiadas quanto “desviar a verba da merenda escolar”.
Pesquisa de 2012 da ONG Transparência Internacional mostra que o Brasil aparece com uma nota de 43, em escala de 0 a 100, é o 69° colocado no ranking de percepção da corrupção, incluindo 176 nações. Dados dessa mesma ONG, estimam que, de 2005 a 2011, R$ 70 bilhões podem ter sido perdidos anualmente, transferidos pela corrupção, somente no Brasil.
O geral pensamento de que a corrupção é endêmica, faz parte do meio humano, gerando a uma série de dificuldades, como por exemplo, a criação de projetos, muitos de longo prazo, assim, consequentemente, tal fato, adia a concretização de diversos tipos de desenvolvimentos sociais positivos no país, em todas as esferas de governo. Além disso, a alta percepção da existência da corrupção faz com que as pessoas acreditem cada vez mais na necessidade de uma melhora política profunda no país, afinal, a maior parte das justificativas para os atos corruptos giram em torno do financiamento das campanhas eleitorais.
No setor da Administração Pública, deve-se encontrar um ambiente propício para se colocar em prática a utilização de recursos públicos, tanto na realização e contratação de obras e serviços, quanto em programas de distribuição de renda. Só nestes casos, pode-se observar uma série de atitudes vistas como fraude, como a atuação de servidores previamente conhecidos por participantes e contratadores.
Embora já exista uma atuação forte dos órgãos de controle, como a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Federal e o Departamento de Polícia Federal (PF), com objetivo de combater essas irregularidades, ainda encontra-se grande dificuldade em reduzir os desvios de recursos pela constante evolução das técnicas de fraude.
Em suma, cabe à sociedade ampliar seu interesse na fiscalização dos atos daqueles que a representa, e exigir cada vez mais uma atuação transparente e ética, uma vez que ela será a principal prejudicada quando não receber serviços públicos de qualidade. Recentemente, a CGU criou e implementou nas redes sociais a Campanha “Pequenas Corrupções – Diga Não”, que teve como objetivo principal a conscientização dos cidadãos para a necessidade de combater atitudes antiéticas ou ilegais, que costumam ser culturalmente aceitas e ter a gravidade ignorada ou minimizada.
Quando o governo e a absoluta sociedade andarem de mãos dadas, e acreditarem que os grandes atos de corrupção são originários de pequenos atos; que a corrupção não faz parte da natureza do ser humano, e que na verdade, há desvios éticos individuais que podem ser resolvidos individualmente. Mas, esses desvios terão muito mais força de melhora, se resolvidos em sociedade, assim, todos juntos vão em busca de um Brasil melhor.