As dificuldades na inclusão da mulher no esporte

Desvalorização. Hierarquização. Desigualdade. Como vítima dessa catastrófica realidade está a mulher, que apesar das históricas lutas e reivindicações com o intuito de obterem a tão almejada similitude, ainda sofrem um insistente desprestígio enquanto elemento constituinte do cenário esportivo. Nesse âmbito, mulheres, desde a Grécia Antiga, sofrem descriminações, pouca motivação e um mínimo incentivo com relação ao esporte, o que nos leva a analisar e questionar os porquês e em que resultam tais práticas.
A priori, é necessário entender a real situação da mulher frente ao esporte e às dificuldades impostas pela sociedade relacionadas à prática desse. Nesse sentido, discursos eram usados para defender a proibição da mulher no cenário esportivo, entre esses estavam a teórica masculinização feminina e a falta de condições físicas. Tendo isso em vista, eram raras as aparições das mulheres nas atividades físicas, o que perdurou até o início do século XX. No entanto, apesar das incontáveis dificuldades sofridas, uma evolução da participação de atletas nos jogos olímpicos pode ser notada. Prova disso, é o número de participantes brasileiras em 1992 que foi 51 enquanto que em 2008 foi 133, além disso, em 2008, duas das três medalhas de ouro obtidas foram ganhadas por mulheres. Desse modo, faz-se necessário um posicionamento contra a estereotipação, resultando numa maior liberdade de escolha de ambos os gêneros.
A posteriori, a sociedade é construída pelo próprio homem e ao mesmo tempo que ele a constrói, ela o influencia. Assim considerando, o esporte reflete na sociedade uma gama de valores e características, interferindo, portando, na construção cultural de um meio em uma época. Nesse cenário, o feminino e o masculino ainda têm valores desiguais, sendo limitados à experiências que condizem com o gênero de cada um, havendo então, comportamentos normais para um ou outro sexo, como lutar para os meninos e brincar de boneca para as meninas. Apesar das caraterísticas socialmente pré-estabelecidas, o modelo de mulher frágil - cultivado excessivamente outrora - está em decadência, contudo, as dificuldades para a mulher "vencer" no esporte ainda são enormes, afinal, além da discrepância salarial entre ambos os gêneros, a sociedade em geral descrimina a profissão de atleta e espera que além de bons resultados ela seja bonita e represente o lado vitorioso da mulher.
Fica evidente, portanto, que uma mudança na forma de pensar e agir, com relação à participação feminina no esporte, faz-se necessária. A escola junto à família devem ensinar os aprendizes a respeitarem, valorizarem e incentivarem as conquistas femininas e experiências de movimento que amenizem as diferenças desde a infância, estimulando o gosto pelo esporte. Além disso, a mídia deve destacar o talento esportivo feminino, bem como os benefícios da prática. Por fim, é preciso propor uma reflexão em torno da inserção e exclusão da mulher no universo esportivo. Adotando tais medidas, a compreensão da importância da mulher na construção cultural, social e histórica do esporte será ampliada e a desigualdade diminuirá.