Linchamentos/Justiça com as proprias mãos

Diante de uma sociedade diariamente vitimada e humilhada pelas classes mais ricas, onde a justiça além de tardar, falha. Desenvolve-se um instinto primitivo, latente no corpo de muitos brasileiros. Mesmo instinto que movia bárbaros na idade média, ou, até mesmo, mais antigamente, motivara a criação, no Antigo Egito, da lei de Talião. Dá-se a entender que o famoso “olho por olho e dente por dente” tornou-se mais eficaz que todo o Código Penal brasileiro.

Dito isso, fica fácil explicar, por exemplo, a tentativa de se fazer “justiça” com as próprias mãos. A corrupção clara, desvios de verba pública que tinham como objetivo melhoramentos nas camadas mais pobres, penas brandas para assassinos, soltura de ladrões e estupradores muito antes do tempo previsto por lei, que voltam a cometer os mesmos crimes. Tudo isso age para a mudança da visão de grande parte da população desenvolvendo um sentimento de revolta por parte do povo, isso somado a um sistema penal de eficiência dúbia é o estopim para que pessoas apoiem e participem de violentas agressões a supostos infratores, em geral acusados de roubo ou violência sexual.

Entretanto, essa visão distorcida de justiça serve apenas para gerar mais violência, criando um resultado inverso ao que se pensa, fazendo esquecer o real motivo da revolta. Ao agir dessa forma a população perde a autoridade, visto que se comporta de modo primitivo.

O povo deve protestar e até mesmo se usar da força se necessário, porém, tendo em vista os motivos e ideais certos, sabendo para onde se deve ou não apontar as forças. Deixando o jeito primitivo no passado e se usando da lógica.